Caro Paulo,
Chegado do fim de semana da minha aldeia natal, as novidades são muitas e frescas. Deixa-me começar pelos cronistas do Diário do Minho. Exceptuando Silva Araújo, possuidor de uma visão iluminada que raramente se encontra na Igreja portuguesa, os senhores opinadores do jornal regional de inspiração católica, foram, infelizmente, escolhidos a dedo. Desde o Postal da Minha Arcada (e o último sobre um repuxo qualquer que deu lugar a 3000 caracteres de texto é um dos ex-libris), passando por uma senhora com ar de costureirinha que exigiu o tratamento compulsivo dos homossexuais e acabando num senhor que de tal filósofo se torna verdadeiramente ridículo, o DM prima por ter verdadeiros espécimes, saídos da caverna platoniana, que acordados para o mundo se deparam com realidades diferentes daquelas que viveram antes de hibernarem. Uma tristeza.
O Correio do Minho premeia-nos, hoje, com um título de primeira página em modo interrogativo!!! Vá lá, enquanto não puseram os três pontos a seguir à interrogação já não foi mal de todo.
Já o JN, caro Paulo, continua a sua brilhante caminhada para a Lanterna dos Afogados. Tal como já te tinha sugerido, numa das cartas, eles hoje fizeram-me o favor e publicaram uma reportagem sobre sex-shops (sem comentários). Sugiro na mesma senda e com o mesmo objectivo (cair rapidamente no precipício) uma reportagem sobre o modo de vida dos homossexuais de Braga (quem sabe se este modo de vida é diferente dos outros existentes pelo país porque em relação às sex-shops e ao contrário do que tenta a "reportagem" dizer é igual em toda a parte) aproveitando para perguntar à costureirinha se sabe quem são os médicos e as empresas farmacêuticas que produzem os medicamentos para a cura!
A minha nora, professora universitária, contou-me uma história que a deixou perplexa: ocorreu, por estes dias, um congresso na Universidade do Minho cujo tema metia família, saúde e doenças. O dito jornal destacou um jornalista para cobrir o congresso falando, inclusive, com uma das responsáveis. A notícia não saiu no dia seguinte. Questionado pela responsável a quem tinha dado a entrevista, o jornalista desculpou-se dizendo que a responsabilidade passa pelos editores do jornal e pedia desculpas (mesmo não tendo obrigação de o fazer, digo eu) pelo sucedido. Não foste isto Braga e eu ia jurar estamos a assistir a uma cena dos Monty Phyton.
Achava eu que este episódio era casual, quando ontem, recebo para almoçar um grande e velho amigo, responsável por uma associação de desenvolvimento rural de um concelho límitrofe. A meio da conversa, vem a terreiro o tema jornais e jornalismo e eu aproveitei para contar-lhe o episódio descrito pela minha nora. O meu espanto foi ao limite quando me relata que o mesmo jornal destacou um jornalista para fazer uma reportagem sobre uns cursos pioneiros de educação para adultos há uns meses e da sua publicação nem Quixote nem Baltasar, népias. O jornalista voltou a refugiar-se no "à espera que os editores decidam pela sua publicação". Fui ao rubro e interrogo-te, meu caro Paulo: Que achas disto? O que leva um jornal a destacar jornalistas para a cobertura de eventos e de reportagens e depois não as publica? Não é isto uma falta de respeito quer para os jornalistas quer, sobretudo, para as instituições e personalidades entrevistadas? E porque é que são os pobres coitados dos jornalistas a dar a cara e não esses "pseudo-editores" (que não tardam nada estão como cronistas do Diário do Minho)?
Ai que já vejo o precipício ali à frente!
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
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