Caro Paulo,
Deixa-me, a jeito de intróito, dizer-te que as minhas incipientes andanças nas novas tecnologias, obrigam-me, para já, a pedir ajuda ao meu filho mais velho e ao meu neto, na colocação "on-line" (como agora soi dizer-se na linguagem juvenil actual) destas epístolas que te vou escrevendo. Estou por isso dependente deles.
Agradeço-te a chamada de atenção para o editorial da revista "Sábado" onde é abordado do caso que opõe o jornalista José Rodrigues dos Santos e a RTP. Sabendo que há muita coisa em jogo nesta aguerrida troca de palavras, há um argumento que não aceito: o da obrigatoriedade do dever de lealdade de um funcionário perante a empresa que lhe paga o salário, se esse dever colocar em causa valores inalienáveis e supremos da condição humana. Esta é uma das questões que me parece transparecer neste caso, e por isso, fico do lado do jornalista.
Histórico porque muito pouco habitual é a retratacção pública feita na última edição do jornal "Expresso" a propósito de uma notícia que veio agora provar-se não ser totalmente verdadeira. O semanário reconheceu-o de uma forma digna, humilde, explicando sem muitas desculpas, a análise que esteve na base da feitura da notícia e que se veio a revelar falsa. Todos os jornais fossem assim...
Agora queria falar-te, mais uma vez, do jornal que me preenche a leitura matinal no café da minha rua. O "Jornal de Notícias" continua a sua senda rumo ao precipício. Durante o fim-de-semana publicou mais algumas pérolas, excelentes exemplos de não noticías. Uma delas falava de pedreiras ilegais em Braga. Para além de não ter nada de novo, a noticia apresenta apenas uma versão da história de um tal Celso Ferreira, do partido "Os Verdes". O que o senhor não diz, nem a jornalista se preocupou em investigar e, para isso, bastava fazer uma pesquisa e descobrir declarações de vários agentes políticos ou ambientais que reconhecem a existência de uma lacuna legal que impede a actuação das entidades fiscalizadoras, isto é, se é verdade que as pedreiras estão ilegais, também é verdade que não há legislação que obrigue os responsáveis a terem as suas empresas dentro da lei.
Uma outra notícia refere-se ao barulho proveniente do kartódromo de Braga e que invade várias freguesias límitrofes da estrutura desportiva. O que me espantou é que a notícia não tráz nada de novo em relação a uma outra anteriormente publicada aquando de uma conferência de imprensa promovida pelas juntas das ditas freguesias. Uma notícia sem nada de novo, merece ser publicada, meu caro Paulo?
Já em queda vertiginosa está o jornal "Correio do Minho". O embate com o fundo do poço está iminente. Espero que o choque não seja irreversível e nem muito traumatizante. Se assim for, temo bem, meu caro Paulo, que tenhamos em Braga um jornal exclusivamente para forrar vidros e paredes.
Cumprimentos,
Fradique Mendes
terça-feira, 16 de outubro de 2007
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